by Antônio Carlos Kantuta

domingo, 26 de dezembro de 2010

Soterópolis


Em Salvador
Uma tempestade de beleza
Cai sobre uma festa Ijexá!
Pelas paredes inoxidáveis do
Encanto a gravidade faz
Escorrerem emoções irredutíveis
E a noite celebra em nós
A novidade da vida.

Antônio Carlos Kantuta
Três Meninas de Aruanda: Jussara, Teresa e Rita.
A Fumaça Sagrada dos Tuxás
Acabou Chorare

Acabou chorare, ficou tudo lindo
De manhã cedinho, tudo cá cá cá, na fé fé fé
No bu bu li li, no bu bu li lindo
No bu bu bolindo
No bu bu bolindo
No bu bu bolindo
Talvez pelo buraquinho, invadiu-me a casa, me acordou na cama
Tomou o meu coração e sentou na minha mão
Abelha, abelhinha...
Acabou chorare, faz zunzum pra eu ver, faz zunzum pra mim
Abelho, abelhinho escondido faz bonito, faz zunzum e mel
Faz zum zum e mel
Faz zum zum e mel
Inda de lambuja tem o carneirinho, presente na boca
Acordando toda gente, tão suave mé, que suavemente
Inda de lambuja tem o carneirinho, presente na boca
Acordando toda gente, tão suave mé, que suavemente
Abelha, carneirinho...
Acabou chorare no meio do mundo
Respirei eu fundo, foi-se tudo pra escanteio
Vi o sapo na lagoa, entre nessa que é boa
Fiz zunzum e pronto
Fiz zum zum e pronto
Fiz zum zum

Acabou Chorare, Novos Baianos.

Hélio Oiticica: Bólides e Parangolés



"Nada é mais real do que uma linha, uma cor,
uma superfície... Uma mulher,
uma árvore, uma vaca são concretas no estado natural,
mas no estado de pintura são abstratos, ilusórios,
vagos, especulativos, ao passo que um plano é um plano,
uma linha é uma linha, nem mais nem menos".
Theo Doesburg

Alegria, Alegria - Caetano Veloso no Festival de MPB (1967)

Olhares...

Carolina Soares

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Absoluta




In Série Musas

Lenine: O Gosto do Som


A voz de Sebastião Salgado II

A voz de Sebastião Salgado I
Le silence éternel de ces espaces infinis m'effraie...

Mundo Negro

Menino negro
Que tem cor de noite escura
E nessa noite em brumas
Um abrigo procura.

Menino
Nasceu negro
Na favela do mundo…

Menino negro
Não teve pai pra lhe sustentar
Não conheceu os carinhos de uma mãe:
Só arranhões, no corpo desnudado,
Só a angústia, no coração a sangrar.

Os olhares na rua
Atestam que o preconceito não morreu
E vive entranhado na sociedade
Condenando aquele menino
A ser réu sem liberdade

Menino negro
Não entrou na roda
Mas, com a força de seus braços,
Fez a roda girar.

Acorda Brasil,
Teu filho negro é quem te fala:
_ Não transforme o coração do mundo
Em uma grande e fria senzala!

Autoria: José Carlos Vaz Souza Miranda, PMBA.
Bando de Teatro Olodum

Negrumes

do movimento que brilha
na dança que narra
arrepios e memórias
da beleza em áfricas


Poema de Marlon Marcos
Fonte:
http://memoriasdomar.blogspot.com/search?updated-max=2010-12-12T09%3A20%3A00-08%3A00&max-results=10
Título Para Maria Bethânia

Pessoal: transcrevo abaixo um manifesto do antropólogo e jornalista Marlon Marcos em defesa da concessão do título de doutor honoris causa de uma universidade baiana a Maria Bethânia.

Cito aqui o texto, pois os temas afro-brasileiros fazem parte do repertório a da artista. Inclusive esse é o tema da dissertação de mestrado de Marlon. Confiram e opinem

Maria Bethânia: a fora de moda que é o norte para o Brasil

Marlon Marcos

Em resumo, ela espelha sua própria força. E diz querer “diminuir” o Brasil dos grandes centros para voltar nossos olhares para as coisas simples do interior; mas acaba agigantando tudo que a voz toca com seus projetos de arte lítero-musical. A mulher de 64 anos, uma senhora linda nascida no Recôncavo baiano, é exemplo do muito que se pode fazer ao longo de uma existência.

Longe das antigas marcas definidoras que desenham o envelhecimento, Maria Bethânia está no auge da carreira e com certeza, acesa na vitalidade que sua artisticidade mais amadurecimento conferiram à sua vida.

Por mais que seja desgastado se insistir nesta constatação, Maria Bethânia, em atividade, é um norte estético educativo antropológico e histórico para o nosso País; é um fenômeno contínuo que, por mais que Claudia Leitte, Ivete Sangalo ( não deveriam nem ser citadas aqui) vendam muito e estourem em popularidade, serve de esteio, podendo ser criticado e nos levar à critica profunda de nós mesmos. Não só cantar ( e ela tem feito isso beirando a perfeição), mas pesquisar, lançar luzes a trabalhos oportunos e geniais como o de Paulo César Pinheiro, Jussara Silveira, Rita Ribeiro, Tereza Cristina, dentre outros; fazer da poesia bandeira educativa; espraiar por toda nação os poemas de Fernando Pessoa, Manuel Bandeira, Fausto Fawcet, Antonio Cícero, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Djavan, Jorge Portugal, José Craveirinha, Chico Buarque, Cecília Meireles, Sophia de Mello Breyner, Arnaldo Antunes, Beto Guedes, Chico César, Ana Basbaum, Carlos Drummond de Andrade, Jota Velloso, Neide Archanjo, Gonzaguinha, Adriana Calcanhotto e textos da outra deusa, Clarice Lispector. Pois sim, são todos literatos conduzidos ao grande público pelo canto teatral e sócio-antropológico de Maria Bethânia.

A Universidade Federal da Bahia e todas as outras baianas vacilam, num misto de burrice conceitual e de machismo recorrente, ao não conferirem a esta artista o título de Doutora Honoris Causa pelo conjunto da sua obra que presta favores intelectuais ao Brasil e em muito orgulha o estado da Bahia.
Ela se diz fora de moda, e segue, em alguns aspectos, professoral nas suas altivez e reserva peculiares. Mais que tudo, segue cantora pedindo que se dê atenção prioritária à educação e vai ocupando um lugar entre nós, o qual nossas Universidades deveriam se espelhar.

Fonte: http://mundoafro.atarde.com.br/
Postado por Cleidiana Ramos @ 5:09 PM, em 14 de dezembro de 2010.