by Antônio Carlos Kantuta

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Le bonheur


"Le bonheur est dans l'oeil de celui qui regarde"
(Mahatma Gandhi)

STF aprova por unanimidade a constitucionalidade do sistema de cotas


De São Paulo

O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta quinta-feira por unanimidade que o sistema de cotas raciais em universidades é constitucional. O presidente do STF, Carlos Ayres Britto, iniciou seu voto --o último dos ministros-- por volta das 19h30, antecipando que acompanha o voto do relator Ricardo Lewandowski.
O julgamento, que terminou por volta das 20h, tratou de uma ação proposta pelo DEM contra o sistema de cotas da UnB (Universidade de Brasília), que reserva 20% das vagas para autodeclarados negros e pardos.
Ayres Britto disse durante o voto que os erros de uma geração podem ser revistos pela geração seguinte e é isto que está sendo feito.
Em um voto de quase duas horas, o ministro Ricardo Lewandowski afirmou ontem (25) que o sistema de cotas em universidades cria um tratamento desigual com o objetivo de promover, no futuro, a igualdade.
Para ele, a UnB cumpre os requisitos, pois definiu, em 2004, quando o sistema foi implantado, que ele seria revisto em dez anos. "A política de ação afirmativa deve durar o tempo necessário para corrigir as distorções."
Luiz Fux foi o segundo voto a favor das cotas raciais. Segundo Fux, não se trata de discriminação reservar algumas vagas para determinado grupo de pessoas. "É uma classificação racial benigna, que não se compara com a discriminação, pois visa fins sociais louváveis", disse.
A ministra Rosa Weber também seguiu o voto do relator. Para ela, o sistema de cotas visa dar aos negros o acesso à universidade brasileira e, assim, equilibrar as oportunidades sociais.
O quarto voto favorável foi da Ministra Cármen Lúcia, que citou duas histórias pessoais sobre marcas deixadas pela desigualdade na infância.
Em seu voto, o ministro Joaquim Barbosa citou julgamento da Suprema Corte americana que validou o sistema de cotas para negros nos Estados Unidos, ao dizer que o principal argumento que levou àquela decisão foi o seguinte: "Os EUA eram e continuam a ser um país líder no mundo livre, mas seria insustentável manter-se como livre, mantendo uma situação interna como aquela".
Peluso criticou argumentos de que a reserva de vagas fere o princípio da meritocracia. "O mérito é sim um critério justo, mas é justo apenas em relação aos candidatos que tiveram oportunidades idênticas ou pelos menos assemelhadas", disse. "O que as pessoas são e o que elas fazem dependem das oportunidades e das experiências que ela teve para se constituir como pessoa."
O ministro Gilmar Mendes também votou pela constitucionalidade das cotas em universidades, mas fez críticas ao modelo adotado pela UnB. Ele argumentou que tal sistema, que reserva 20% das vagas para autodeclarados negros e pardos, pode gerar "distorções e perversões".
Celso de Mello disse, durante seu voto, que ações afirmativas estão em conformidade com Constituição e com Declarações Internacionais subscritas pelo Brasil.
Marco Aurélio Mello também seguiu o relator e votou pela constitucionalidade do sistema de cotas. Dias Toffoli não participou do julgamento por ter dado um parecer no processo quando era da Advocacia-Geral da União. 

Fonte: Folha.com

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A Neo-Chanchada e a Demência Cultural

Deborah Secco em Bruna Surfistinha (2011).
Por André Setaro

Para a infelicidade geral daqueles que torcem pelo cinema brasileiro, um novo filão se espraia, como verdadeira metástase, pelo mercado exibidor. É a "neo-chanchada" também conhecida como "globochanchada". Trata-se de filmes produzidos pela Globo, com elenco da casa, e dotados de uma estética televisiva, humor supérfluo, grosseiro, situações esdrúxulas e sem a menor espirituosidade, e dos quais se tem a impressão de se estar vendo, na tela do cinema, televisão. A estética desses filmes entra em choque com a verdadeira estética cinematográfica. E o pior é que os filmes que se classificam nesse filão fazem sucesso e obtêm boa bilheteria. Para ficar em alguns exemplos: "De Pernas Pro Ar", de Ricardo Santucci, uma mixórdia inqualificável, com Ingrid Guimarães e elenco global; "O Homem do Futuro", de Cláudio Torres, com um irreconhecível Wagner Moura num filme totalmente destituído de poder de convencimento; "Cilada.Com", de Bruno Mazzeo (filho de Chico Anysio, bom comediante, mas que nunca deveria ter se atrevido a dirigir um filme), "Muito Gelo e Dois Dedo D'água", besteirol de Daniel Filho, que se entusiasmou com o fenômeno dos dois "Se Eu Fosse Você" e se encontra fazendo um filme atrás do outro. Este "Muito Gelo..." agride não somente o cinema como também a inteligência do cinéfilo. Entre muitos outros.
O crítico da Folha de S. Paulo, Inácio Araújo, cunhou uma expressão que se aplica como uma luva a tais filmes: a poética da insignificância. Insignificantes, as ditas "neo-chanchadas" desmoralizam quem as assina como diretor, porque, inclusive, como bem disse o citado crítico, um filme como "De Pernas Pro Ar" torna qualquer chanchada da Atlântida dos anos 40 e 50 uma, por assim dizer, "Pietà". A história do cinema brasileiro, aliás, teve o seu apogeu quando das chanchadas produzidas pela Atlântida nos anos 40 e 50, que deram celebridade a comediantes como Oscarito, Grande Otelo, Zé Trindade, Ankito, Ronald Golias, entre outros. Detestadas pela maioria dos críticos, as chanchadas do pretérito se tornaram, agora, objetos de dissertações e teses na pós-graduação. O tempo, realmente, é o melhor crítico. E das chanchadas, que desapareceram na agitada década de 60 com o advento do Cinema Novo, o cinema nacional, nos anos de chumbo da ditadura, descobriu a "pornochanchada", comédias de costumes com alusões sexuais. Para se ter uma ideia da insignificância das atuais 'neo-chanchadas', a pior 'pornochanchada' de décadas atrás é melhor do que qualquer uma dessas 'neo-chanchadas'. Havia, nelas, mesmo nas piores, um certo 'non chalance', um tom escrachado, bem diferente das atuais.
As 'neo-chanchadas', assim como o BBB (Big Brother Brasil), evidenciam a mentalidade do público brasileiro, rasteira, e não deixam de se constituir num registro sociológico da demência instituída na sociedade contemporânea.

Texto extraído do JF - Jornal da FACOM, Faculdade de Comunicação/UFBA.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Red Lipstick...

Anne Hathway
"Porque as flores têm luz própria..."

Tempo


no início era o começo.
o depois veio vindo devagar.
o antes veio depois do depois.
só quando esse se estabeleceu.
no princípio era o agora.
isso demorou até que
tudo virou antes e depois.
então uma revolução peluda
o agora voltou ao trono.
antes e depois viraram
falta do que fazer.
e tanto fizeram
que o agora virou tudo
e o tudo, nada.
de volta ao princípio
o agora congelou.
o antes fica pra depois.

Tempo, Chacal.

Brasil: Desigual Welfare State


Fonte: Rádio ONU 
A universalização do acesso é tributária de certa noção de igualdade, em que defende o acesso de todos aos bens e serviços produzidos na sociedade. Está presente no lema da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade) e nas promessas dos socialistas utópicos. Ainda que teóricos questionem a igualdade formal, estabelecida na superestrutura jurídico-política de diversos países, após a revolução burguesa, as possibilidades de a luta política dos sujeitos defenderem a igualdade real propiciaram ganhos para as classes subalternas por meio de reformas. Sistemas de proteção social de caráter universal ou políticas públicas universais, a exemplo da saúde e da educação, desenvolveram-se nas sociedades capitalistas a partir da emergência do chamado estado de bem estar social, especialmente nos anos 1950 e 1960. Em contraste, o Brasil adotou um modelo de “estado desenvolvimentista”, que permitiu a ampliação de benefícios e serviços por intermédio da previdência social. Neste modelo, o Brasil estrutura-se historicamente de forma não universalista, no sentido da concessão de direitos não à totalidade da sociedade, mas a grupos sociais escolhidos, como forma de incorporar certas frações das camadas populares à arena política. Trouxe como conseqüência uma desigualdade sócio territorial estrutural no acesso aos serviços, que se agrava nos anos 1990, com a política de ajuste econômico e reforma do já precário estado de bem estar social.
(...)

Fonte: Brasil. (2011). Plano Nacional de Saneamento Básico – PLANSAB (Proposta de Plano). Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, Brasília.

O Automóvel: O Vetor da Insustentabilidade...



O automóvel é o fator urbano de maior impacto no aquecimento global, idem na qualidade do ar nas cidades, induz a ocupação espraiada do solo, é um dos maiores responsáveis pela impermeabilização do solo (causa principal de enchentes), atua como oposição ao transporte coletivo de massa, ao pedestre e à mobilidade baseada em veículos não motorizados, além de ser uma das maiores causas de mortes ou incapacitação para o trabalho devido ao número de acidentes que em 2005 totalizaram 35.753 óbitos e 123.061 internações a um custo de R$ 118 milhões para o Brasil (SUS – Ministério da Saúde).


Ermínia Maricato, documentário Sociedade, Energia, Meio Ambiente. Teses para debate. SENGE, CREA-BA, Fisenge, Mutua.