by Antônio Carlos Kantuta

sábado, 5 de fevereiro de 2011

  
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Apesar do puro amor que a ti lavro
Em notas frias pela madrugada
Apesar do poema que se esparrama
Colérico sobre meu corpo-livro
Apesar de Ray Charles compondo
Doces memórias em nossas avenidas...
Apesar das marinas, dos mares,
Apesar da camisa de Vênus
E dos anéis de Saturno...
Não posso contratar teu beijo
Nem alugar teu sorriso raro, e caro,
Numa tarde de nuvens e chuva
Pois por não ter carro e dinheiro,
Não tenho caráter.

Nem mesmo rosas, nem batutas
Nem anéis de Saturno, nem cantutas,
Nada financia teu amor monetário
Colorido em códigos de barras nas
Vitrines e classificados da cidade.
Penso partir no próximo verão,
Penso esquecer teus sinais, mera ilusão.
Lembro logo que em Pasárgada
Também sou andarilho, sou marginal.
Lá também minhas composições
Decompõem-se na mesma chuva de
Desejos que te deixa molhada e
Que afoga meus poemas na perdição.


Antônio Carlos Kantuta.

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