by Antônio Carlos Kantuta

domingo, 17 de julho de 2011

O Baile do Cisne



O mais interessante
em consumir essa cultura
que tudo de mim consome
é justamente o gosto sequioso
do consumo antropofágico,
do fazer e fazer parte das telas,
dos sinos e alaridos da multidão.
Achar-me em literaturas universais,
leigo entre horas e catedrais,
Itália, Tropicália, Canibália
canções ao violão, nouvelle vague
e o museu frio no cartão postal.
Mundo de códigos ocultos,
Para quê nos ensinar?
Amálgama de todos nós      
dançando fora e dentro dos Lidos,
na violência anedótica dos livros...
Fotografias com sede e saudade
de Montmartre e do St. Stephens Green.
Viver a vida, viver o mundo,
subir e dormir nas escadas do Carmo,
deixar os lugares para trás,
encontrar Aristóteles nos espaços,
abrir o novo livro, o velho,
ouvir a voz de quem já partiu
e que jaz no jazz em nós
- salada aromática no baile do cisne.
Campos gravitacionais, de algodão,
campo magnético, de batalha,
campo harmônico de odes e trovas
engolindo o abismo que
separa as notas da flauta
rimando o mágico e o trágico.
No compasso da valsa vital
ver o desvelar do ciclo arcano
nos vapores de Pítia.
E o baile seguirá no ritmo da vida,
no instável pulsar cardíaco,
na respiração do mundo derramado
no lume do céu e na alma do mar.

Antônio Carlos Kantuta
Fotografia de Kendall Eutemey

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