by Antônio Carlos Kantuta

quarta-feira, 28 de março de 2012

A Lua e a Mulher


O Nascimento de Vênus (1879), de William-Adolphe Bouguereau (1825-1905).
Adam Smith: Que afinidades especiais lhe pareceram existir entre a lua e a mulher?
Ulisses: Sua antiguidade em preceder e sobreviver a sucessivas gerações telúricas: sua predominância noturna: sua dependência satélica: seu reflexo luminar: sua constância sob todas as suas fases, erguendo-se e pondo-se em suas horas indicadas, ficando cheia e sumindo: a invariabilidade forçada de seu aspecto: sua resposta indeterminada à interrogação inafirmativa: sua força sobre as águas afluentes e refluentes: seu poder de enamorar, mortificar, investir com beleza, tornar insano, incitar e auxiliar a delinqüência: a inescrutabilidade tranqüila de seu rosto: a terribilidade de sua isolada dominante implacável resplendente propinqüidade: seus presságios de tempestade e de calmaria: a estimulação de sua luz, seu movimento e sua presença: a advertência de suas crateras, de seus mares áridos, de seu silêncio: seu esplendor, quando visível: sua atração, quando invisível.

Texto extraído de Ulisses, James Joyce. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.

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