by Antônio Carlos Kantuta

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Cantora da Cidade, Rainha da Rua

 

Ela continua a transportar a fragrância mais rara da arte para os palácios da vida: a rua. Ela é a senhora do fazer bonito, simples e mágico. Com seu charme e sorriso, ela evoca o que há de mais belo no mundo: a alegria. Com sua dança e seus batuques, ela celebra o que há de mais singelo na vida: a vida. Daniela Mercury é a alquimista dos ritmos, dos tambores, da dança, da poesia. Sua baianidade é o límpido espelho que reflete as cores mais vivas do Brasil, reproduzindo cadências, reinventando harmonias, povoando os espaços do mundo com a sonoridade das águas, dos orixás, dos berimbaus, dos atabaques da Bahia. Ela é um misto de paz e encanto ao mesmo tempo em que, através da pulsação alucinante do samba-reggae e da eletricidade natural impregnada em seu signo de furacão, promove a inquietação criadora e imaginativa no mais dormente dos espíritos. Sua poesia se reinventa a cada minuto, a cada carnaval, a cada pedaço do dia. Além de bailarina cantora e encantadora ela é rainha. Seu reinado está muito além do luzir efêmero de uma coroa de metal. Não foi legitimado pelos selos e carimbos dos protocolos perecíveis das monarquias decadentes. Seu reinado está escrito em cada pauta da partitura do encanto, está diluído no sangue de cada fã, no sorriso de cada criança que ela abraça, no abraço de cada amigo que a admira. Seu reinado acontece na rua, na praça, nos palcos, na vida. Seus súditos, fãs insaciáveis, morrem e renascem em sucessivas overdoses de samba-reggae e eletro-tudo na avenida. E assim, com seu kabuki tropicalizado, Daniela vai levando sua luz seu movimento e suas cores para todos os cantos da cidade e do planeta.
Eparrei Oyá!

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