by Antônio Carlos Kantuta

sábado, 5 de março de 2011



MORMAÇO DE PRIMAVERA


Entre chuva e chuva, o mormaço.
A luz que nos entrega o dia
não dá ainda para distinguir
o sujo do encardido,
o fugaz, do provisório.
A própria luz é molhada.
De tão baça, não me deixa
sequer enxergar o fundo
dos olhos claros da mulher amada.

Mas é com esta luz mesmo,
difusa e dolorida,
que é preciso encontrar as cores certas
para poder trabalhar a primavera.

Thiago de Mello, 1971,
nos campos de Cautín.

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