by Antônio Carlos Kantuta

domingo, 5 de setembro de 2010

Do Ateísmo
Por Antônio Carlos Kantuta



Da busca do homem em entender-se no mundo, do fenômeno dialético que lhe infunde a ventura de gozar o privilégio de ser matéria pensante e ao mesmo tempo desfrutar da oportunidade de ser parte da natureza, tão ampla, tão vida, tão simples, da busca por um entendimento das coisas que justifique a existência e a essência das coisas, enfim, de todo o trabalho humano em torno da vida, conclui-se que a verdadeira busca empreendida está engendrada na ânsia de encontrar uma identidade para tudo o que há. Assim, necessariamente a experiência da fé em Deus, num ser que aglutine todas as energias da natureza (parte integrante da criatura e da criação) ou que seja absolutamente livre dessas energias (ser incriado e incriável), converge também para conduzir o indivíduo à tão desejada compreensão da razão existencial, e por conseguinte, do entendimento e aceitação da morte como processo imanente e próprio das metamorfoses da matéria – animada ou não. O poeta Oswald de Andrade já dizia em seu Manifesto Antropofágico (trecho abaixo transcrito) que é preciso partir de um profundo ateísmo para que se chegue a uma idéia de Deus. Tomando a assertiva oswaldiana como premissa de nosso equacionamento filosófico, inferimos que seja necessária a construção de uma plataforma vazia de qualquer ideologia em torno de Deus sobre a qual seja possível estabelecer as linhas fundamentais do conceito de Deus.


"Por ser ateu, tenho obrigação moral de possuir um profundo senso religioso da vida".
(Trecho do Manifesto Antropofáfico de
Oswald de Andrade).

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