Mar adentro, mar adentro
e na falta de gravidade
e na falta de gravidade
Nesse fundo onde se realizam sonhos
se juntam duas vontades
para realizar um desejo.
Seu olhar e meu olhar
como um eco se repetindo, sem palavras:
mais adentro, mais adentro,
até mais além de todo o rosto
pelo sangue e pelos ossos.
Mas me desperto sempre
e sempre quero estar morto
para seguir com minha boca
enredada em seus cabelos.
para realizar um desejo.
Seu olhar e meu olhar
como um eco se repetindo, sem palavras:
mais adentro, mais adentro,
até mais além de todo o rosto
pelo sangue e pelos ossos.
Mas me desperto sempre
e sempre quero estar morto
para seguir com minha boca
enredada em seus cabelos.
Mar Adentro é um dos poemas do livro Cartas do Inferno de Ramón Sampedro (Editora Planeta/2005). Ramón Sampedro era um espanhol que aos 26 anos sofreu um acidente ficando tetraplégico. A partir de então, ele passou a brigar com os tribunais espanhóis para obter o direito à eutanásia ativa voluntária. Como a justiça não lhe concedeu o pedido, Ramón cometeu suicídio em janeiro de 1998 com a ingestão de cianureto de potássio, tendo sido assistido por um grupo de amigos. O caso teve grande repercussão na imprensa e, a partir de então, a questão da eutanásia passou a ser debatida mundialmente. Em 2003 a história foi levada para o cinema com o filme “Mar Adentro”, do diretor chileno-espanhol Alejandro Amenábar. No elenco figuram atores como Javier Bardem, Belén Rueda, Lola Dueñas e Mabel Rivera.
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