by Antônio Carlos Kantuta

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Quero Cores




Quero cores.
Quero o cinza trivial das nuvens e
o testamento avermelhado do angelim.
Quero a duração branco azulada
da fermata e a indiferença da pedra.
Quero Cabíria preto e branco,
Barcelona tecnicolor escarlate
e Tóquio numa paleta digital de 64 bits.
Quero mais cores.
Tragam-nas vivas ou mortas
 encardidas ou desbotadas.
Quero chupar a cajuada colorida do cajueiro
e Maria Cabrocha que é a flor do cambará.
Vou misturar aurora com crepúsculo
e Mouline Rouge com Amerelo Manga
só pra ver no que é que dá.
Quero o terra-cota, a vinheta dos lírios
e o arco-celeste na escala musical.
Quero mais.
Quero tocá-las, comê-las, dormir
e acordar com todas elas.
Quero bebê-las de uma só golada
e desfalecer no limbo caótico da luz.
Quero a pele das borboletas
e o fulgor diamantino dos cristais.
Quero as cores do mundo.

Antônio Carlos Kantuta

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